Propostas interessantes de Ciro Gomes #01 — Bancos

Mahat’s blog
5 min readSep 10, 2018

Primeira vez lendo um texto da série? Clique aqui e entenda a proposta.

Contexto

Pare um pouco e escreva o nome de 10 bancos em atuação no Brasil. Não pule para o próximo parágrafo ainda, faça isso rapidinho.

Pronto? Tenho certeza que Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil estão na sua lista. E talvez, além deles, tenha sido um pouco difícil pensar em outros cinco bancos, não é?

É fato que há uma concentração de bancos no Brasil. Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander respondem, juntos, por R$ 4 de cada R$ 5 movimentados no país. O R$ 1 restante é dividido entre cerca de 150 instituições, que normalmente atuam em áreas específicas, como financiamento de carro ou empréstimo para médias empresas. Em outras palavras, 80% das movimentações de dinheiro no país estão nas mãos de apenas cinco instituições.

Isso é péssimo para o país. A concentração bancária, que está no nível mais alto da história, é uma das razões pelas quais as famílias e pequenas empresas têm dificuldade para conseguir empréstimos, pagam taxas de juros altas, contam com poucas opções de investimentos e pagam caro por serviços bancários em geral, dizem especialistas. Com menos concorrência, a oferta de crédito, de produtos e serviços é menor, e as taxas tendem a ser mais altas (...) “Estamos em um momento de retomada da economia. Se houvesse o dobro de bancos, certamente esse processo seria mais rápido.

Para ler mais sobre o assunto, recomendo fortemente esse Especial do UOL Economia, do qual tirei as informações acima.

Ao fim desse texto, temos um trecho que fala de fintechs: “As fintechs ainda são uma novidade e possivelmente representarão um novo horizonte para o setor bancário daqui a algum tempo”, diz o professor Marcio Pochmann, da Unicamp. “Elas estão se especializando em áreas em que os bancos não têm atendido à demanda adequadamente e provavelmente provocarão uma adaptação de todo o sistema.”

E afinal, o que são fintechs? O nome fintech vem da combinação de finanças e tecnologia (tech). São empresas do setor financeiro que são consideradas disruptivas por terem alguma tecnologia que foge do “tradicional” desse mercado. A maioria delas realiza suas operações exclusivamente online, sem a necessidade de agências, realizando um serviço menos burocrático e mais ágil que o comumente oferecido pelos grandes bancos.

Mas a diferença de uma fintech para um banco “tradicional” não está apenas na tecnologia, até porque os grandes bancos estão investindo fortemente em tecnologia para não ficar para trás. Elas têm como conceito criar produtos financeiros inovadores e, diferente das demais instituições financeiras, focam no cliente e não em seus produtos. “Existe transparência, atendimento melhor, voltam para as necessidades do consumidor.”

Para ler mais sobre fintechs, recomendo esse artigo do InfoWester, que é bem completo.

Proposta

P. 13 do Plano de Governo

Acredito que a proposta é bem clara em seus objetivos, ainda que não aprofunde no modo como eles serão cumpridos. Pesquisando sobre o tema, também não encontrei maiores detalhes de como essas propostas serão realizadas. Creio que os detalhes estão em aberto para posterior debate e definição.

Em entrevistas e debates, Ciro constantemente menciona constantemente o fato de que poucos bancos controlam o setor no país, criticando as altíssimas taxas de juros praticadas no país (as quais atribui à concentração bancária) e o endividamento de famílias e empresas por elas provocado.

Porque é interessante

Como citado acima no artigo do UOL Economia, reduzir a concentração de bancos pode reduzir a taxa de juros e o custo de serviços bancários, melhorar a agilidade e eficiência destes, bem como oferecer a populações tradicionalmente excluídas do sistema financeiro maiores oportunidades de investimento.

Porém, não foi isso que chamou minha atenção, foi a palavra fintech. Quando descobri as fintechs, com o Nubank, vi nelas um modo de melhorar e popularizar os serviços bancários. Já vi estudantes universitários sem renda fixa poderem usufruir — graças ao Nubank — das inúmeras vantagens de um cartão de crédito que não seriam possíveis se eles dependessem de bancos tradicionais. É, certamente, um setor que faz uso da tecnologia para agregar valor à vida de seus clientes, ganhando muito dinheiro com isso.

Esse artigo de 2016 já falava sobre o quanto o Nubank tem sido valorizado, e hoje a empresa vale mais de US$1 bilhão.

Se um candidato fala, em seu Plano de Governo, em estimular o desenvolvimento de fintechs, isso certamente merece atenção.

Comparação

Marina Silva

P. 22 (do PDF) do Plano de Governo

A proposta de Marina tem muito em comum com as propostas de Ciro, e falam também de “moedas sociais”. Moedas sociais são moedas utilizadas em pequenas comunidades, geralmente aceitas apenas naquela comunidade, que têm lastro no real. O uso de moedas sociais busca fortalecer a economia da região. Há mais de 100 moedas sociais em circulação no país.

Para mais informações sobre o tema, artigo do Conexão Planeta.

João Amoedo (“o candidato dos bancos”)

Nenhuma referência a bancos ou a fintechs no plano de governo.

Pesquisando no Google sobre o tema, pude confirmar que Amoedo defende a privatização da Caixa e do Banco do Brasil. (…) “O estado tem que direcionar sua atuação para aquelas áreas que o cidadão precisa, educação básica, saúde, segurança e deixar a gestão das empresas — que na verdade as empresas públicas viraram cabides de empregos para partidos políticos — para a iniciativa privada, promovendo maior concorrência”, disse Amoedo.

Em descrição de um vídeo em sua página do Facebook, ele afirma “ Se eu quisesse defender o interesse dos bancos bastaria me juntar à velha política e partidos que sempre estiveram ao lado dos grandes bancos. É justamente a intervenção do governo que impede a entrada de concorrentes e aumenta a concentração bancária, levando ao aumento dos juros. O que defendo é exatamente o contrário do que os grandes bancos querem. Defendo mais concorrência e menos ajuda do governo.”

A pesquisa no Google “Amoedo fintechs” não retorna nenhum resultado no qual o candidato fale sobre o tema.

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